Saimos quinta de manhã de Lagos rumo a Vilamoura onde passámos uma noite. Seguimos junto à costa até Isla Cristina com o vento sempre de feição, acabando a nossa incursão por terras espanholas em Mazagon.
Na volta, apontámos ao Guadiana para termos um pouco de rio e a visão de ter lado a lado os dois países vizinhos. Foi neste regresso que tudo se complicou e onde começou o meu cabo das tormentas. Entrei em pânico com a bolina cerrada e enfiei-me no meu quarto de olhos bem fechados, onde fui violentamente sacudida até o sangue descer para o pés e eu ficar com tensão de passarinho. Felizmente fui compensada com um fantástico dia no Guadiana, até agora o melhor da viagem!
Para superar o meu medo, resolvi confiar cegamente no Patrão de Costa, o meu amigo JB. que me garantiu a pés juntos que a preciosidade não virava. Realmente resultou mas não sei o que fiz de mal para merecer uma viagem de 80 milhas com o vento contra e sempre a levar cacete... Aguentei-me sempre cá fora e de olhos bem abertos, mesmo quando a bolina ameaçava as leis da gravidade...mas caramba, 12 horas de navegação é só para amantes do desporto! Nunca desejei tanto pisar terra e assim que a avistei, passou a ser para mim como água no deserto...mas ainda não foi desta, fundeámos no mar porque a ilha da Culatra não tem porto de abrigo e com o vento a 30 nós, aqui ficamos nós a balançar mais uma noite. A parvoice começa a tomar conta de nós...acho que estamos a ficar loucos com tanta clausura!
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